ESTUDO SOBRE VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR CONTRA A CRIANÇA

CONHECIMENTOS E ATITUDES DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14244/enp.v5i2.245

Palavras-chave:

Violência intrafamiliar, Formação de professores, Educação Infantil, Teoria Bioecológica

Resumo

A violência intrafamiliar se constitui em uma das formas mais perpetradas de violência contra a criança, isso significa que a maior parte da violência infligida contra este grupo acontece dentro de casa, local esse que deveria conferir segurança. Neste cenário, encontramos na escola e no professor instrumentos de prevenção e proteção à criança quando se trata de violência, devido seu contato de caráter único com a criança. O presente estudo teve como objetivo investigar conhecimentos e atitudes de professores da Educação Infantil sobre a violência intrafamiliar contra a criança de zero a cinco anos e 11 meses, a partir da Teoria Bioecológica de Bronfenbrenner. Participaram da pesquisa 36 professoras, distribuídas em quatro CEMEIs diferentes, em uma cidade do interior do estado de São Paulo. Foram utilizados dois tipos de instrumentos de coleta de dados: um questionário sobre formação e experiência docente e um questionário estilo escala de Likert sobre violência intrafamiliar contra a criança. As participantes foram todas mulheres, com idades entre 31 e 61 anos de idade, com tempo médio de formação de 23,2 anos de formação. Entre as entrevistadas, 25 afirmaram já terem identificado algum caso de violência intrafamiliar. Foram identificados encaminhamentos inadequados que acabam por agravar as condições que favorecem a violência. A pesquisa mostra que as profissionais têm preferência por entrar em contato com a família e/ou responsáveis pela vítima para a resolução do problema. Observou-se uma tendência em não se realizar a denúncia formal. Notou-se também um descontentamento geral das professoras em relação à formação inicial e continuada para o tema. As docentes relatam insegurança para atuar, devido às lacunas em sua formação, o que se traduz em uma hesitação em denunciar e apoio das práticas de senso comum e em crenças pessoais. Apontam-se como lacunas mais significativas: encaminhamentos a serem realizados, informações gerais sobre o enfrentamento da violência, capacitação em detectar precocemente os casos e o conhecimento acerca do papel do educador. É possível perceber a urgência pela formação, tanto pelos conhecimentos e atitudes considerados como inadequados, como pela demanda das próprias educadoras. A promoção de um microssistema (escola) que favoreça o desenvolvimento do indivíduo, assim como sua proteção, depende da capacitação de professores. Alerta-se a necessidade urgente de reformulação da formação de professores. Chama-se atenção ao fato de que existe uma falta de credibilidade nos órgãos que compõem a rede de apoio. Em suma, conclui-se que as profissionais são capazes de identificar situações e características de violência intrafamiliar contra a criança, contudo, não são capazes de dar os encaminhamentos adequados a estes casos. Reitera-se, portanto, o protagonismo do professor no enfrentamento da violência intrafamiliar contra a criança, colocando este profissional e a escola como interventores desta realidade.

 

Biografia do Autor

Luísa Leôncio Monti, Universidade Federal de São Carlos

Doutoranda no Programa de Educação Especial na Universidade Federal de São Carlos - UFSCar, São Carlos, São Paulo, Brasil.

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Publicado

2022-09-13

Como Citar

Leôncio Monti, L. (2022). ESTUDO SOBRE VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR CONTRA A CRIANÇA: CONHECIMENTOS E ATITUDES DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL. Ensaios Pedagógicos, 5(2), p.37. https://doi.org/10.14244/enp.v5i2.245